
A história da educação em Barra dos Coqueiros é feita de nomes, lugares e lembranças que atravessaram gerações. Entre os anos 80 e 2000, nosso município viveu um tempo de ouro, em que escolas, diretoras e professores se tornaram símbolos de dedicação e esperança.
A educação infantil: primeiros passos
No coração da cidade, a infância encontrava abrigo na Escolinha de Dona Zelma, situada na praça central, nos fundos da igreja e ao lado do correio, como também na escolinha de Tia Nena, situada na rua Pedro Ricardo Nascimento. Era impossível passar sem notar a energia das crianças correndo e aprendendo, sob o olhar atento das educadoras que se tornaram referência na memória coletiva.
No bairro Baixo, a Escolinha Tom e Jerry tornou-se outro marco da educação infantil. Nomes como o da professora Maria do Céu Sales de Andrade ficaram registrados como responsáveis pela formação de inúmeras crianças. Ao lado dela, outras educadoras, como Dona Lígia, são lembradas pela excelência e pelo compromisso com o ensino.
Escola Serigy: tradição e esportes
Entre o bairro Baixo e o centro da cidade, encontrava-se a Escola Serigy, que resistiu ao tempo e até hoje permanece como testemunha viva da educação local. Foi ali a minha primeira escola, uma etapa que guardo com carinho. Mantida pelo Grupo Serigy, a instituição não se limitou às salas de aula: o mesmo grupo ergueu a imponente Quadra Esportiva Serigy, que marcou época com as competições de vôlei e futsal da juventude. Mais tarde, esse espaço cultural se transformaria no conhecido Coco Bambu, palco de shows e eventos que animaram a cidade.
Grupo Escolar Dr. Carlos Firpo: firmeza e afeto
Avançando nos estudos, os jovens encontravam no Grupo Escolar Dr. Carlos Firpo uma referência fundamental. A escola foi dirigida por mulheres fortes e dedicadas — Maria Celina, a primeira diretora, Maria Araújo e Maria Francisca Araújo — que mantiveram o espírito de disciplina e dedicação à formação.
E quem passou por suas salas de aula não esquece seus mestres: o icônico professor Lenaldo da Silva, o grande nome da arte, professor Senzala (in memoriam), a dedicada professora Amália, além de Marilí, que cuidava com maestria das atividades de meio ambiente; Raimunda, Eurides, Lucy Felix e tantos outros. Sem esquecer a inesquecível experiência de artes proporcionada pelo grupo teatral Imbuaça, com Lindolfo Amaral e Isabel Santos.
Outro capítulo marcante vinha do cuidado cotidiano: o lanche preparado por Dona Maria Núbia, que permanece na memória de todos pelo cheiro e sabor da sopa de feijão, risoto de frango e almôndegas ao molho com macarrão. Também inesquecível era o divertido vigia, Seu Domingos, figura querida e respeitada.
Ginásio Arnaldo Dantas: o sonho da juventude
Mas, quando se fala em adolescência e sonhos, é impossível não lembrar do Ginásio Arnaldo Dantas, administrado pelo CNEC (Campanha Nacional de Escolas da Comunidade). Situado de frente para o rio, na Avenida Antuso Vieira, o prédio hoje resiste em silêncio, em estado de abandono. Porém, nos anos 80, ele foi palco de uma verdadeira época de ouro na educação.
Sob a direção firme e carinhosa de Maria José dos Santos, a querida Dona Zizi, o Ginásio era o grande desejo dos adolescentes: estudar ali era sinal de conquista e pertencimento. Além disso, muitos recordam com carinho a presença do porteiro Seu Pedro, lembrado pela seriedade e zelo.
Foi nessa escola que iniciei minha própria trajetória, experiência que depois transformei em crônica no livro Lembranças Que Me Inspiram.
Outras instituições que marcaram época
Outro pilar da educação local foi a Escola Reunidas Coelho Neto, localizada na Atalaia Nova, responsável pelo ensino fundamental e pela formação de gerações de estudantes daquela comunidade.
Já na década de 1990, a fundação da Escola Estadual Professor José Franklin (hoje Colégio Estadual Professor José Franklin) ampliou o acesso ao ensino fundamental e médio, oferecendo novas perspectivas à juventude barra-coqueirense.
A Escola Municipal Professora Creuza Gomes também se consolidou nesse período como referência no ensino fundamental e, mais tarde, na educação de jovens e adultos. Em 1997, viveu um momento marcante ao formar a primeira turma do Telecurso 2000, da qual fizeram parte eu, Nicy Alves e o artista plástico Alfredo Gristeli, argentino de nascimento e apaixonado morador da Atalaia Nova, já falecido. Com seus projetos culturais, esportivos e de cidadania, a escola se tornou um espaço de inclusão e transformação social, permanecendo até hoje como um marco na memória barra-coqueirense.
A Educação Física: esporte e cidadania
A educação em Barra dos Coqueiros não se limitou às salas de aula. A Educação Física desempenhou papel fundamental na formação de muitos jovens. Professores como Pedro Aguiar, Rosália ( in memoriam) e Iraneide se destacaram pela dedicação em ensinar a disciplina, espírito de equipe e amor pelo esporte.
Os treinos aconteciam em locais que também se tornaram parte da memória da cidade: o Conjunto da Marinha, espaço de prática e convivência, e o histórico Campo Barrão, palco de inúmeros jogos e competições.
Memória e gratidão
Entre a energia das escolinhas, a firmeza do Carlos Firpo, o sonho realizado no Ginásio Arnaldo Dantas, a dedicação dos professores de Educação Física e as novas possibilidades abertas pelo José Franklin, pela Coelho Neto e pela Creuza Gomes, a educação em Barra dos Coqueiros foi construída sobre pilares humanos: diretoras que lideraram com amor, professoras que ensinaram com devoção, funcionários que cuidaram com carinho e uma comunidade que acreditava no poder transformador da escola.
Dedicatória
Dedico este artigo a todos os professores e funcionários que adormeceram na morte, mas que permanecem vivos na memória da nossa gente. Jamais esquecendo da maravilhosa promessa que a Bíblia nos dá em Revelação ou Apocalipse 21:4:
“E Deus limpará de seus olhos toda lágrima; e não haverá mais morte, nem pranto, nem clamor, nem dor; porque já as primeiras coisas são passadas.”